quarta-feira, 5 de maio de 2010

Homenagem a José de Ribamar Saraiva Filho


Como é do conhecimento de familiares, amigos e pessoas próximas, dia 24/04 fez um ano do falecimento de José de Ribamar Saraiva Filho, meu PAI.

A perda de um ente querido é uma péssima experiência na vida de todos, mais ainda de uma das duas pessoas responsáveis por 80% (oitenta por cento) do que somos.

Antes é oportuno frisar que uma homenagem para o Dicionário Aurélio significa: Do occitano ant. omenatge. Protesto de veneração e respeito; preito. Ato de cortesia, de consideração, de galanteria. Obra composta de trabalhos de vários autores, dedicada a pessoa notável numa área do conhecimento, por ocasião de aniversário ou de outro fato marcante em sua vida e que registra a admiração e o respeito dos que a escrevem.

Desta forma, registro essa homenagem, aqui neste post, para uma das pessoas mais importantes da minha vida, aquele que me inspirou, que foi meu herói, que participou integralmente da formação do meu caráter, que me ensinou valores e princípios, que me disse não e sim nas horas certas, que me deu grandes momentos de felicidade, ensinou-me que ter conhecimento é ter poder e que o tempo perdido não é recuperado, pois todos temos prazo de validade.

Faço esta pequena biografia abaixo, não para me vangloriar do PAI que tive, mas sim como forma de agradecimento por toda experiência que me fez adquirir e pelo PAI exemplar que foi.

José de Ribamar Saraiva Filho, nasceu em 1948 em São Luís do Maranhão, em 23 de novembro, no Hospital Português, na Rua do Passeio. Era filho de José de Ribamar Saraiva e Maria Vitória Ferreira Saraiva, foi irmão de Ana Maria Ferreira Saraiva e Antonio José Ferreira Saraiva.

Em 1954 morou na Rua Paulo Fontin, nº 138, fazendo o curso primário no Colégio Coração de Jesus e na Escola Modelo Benedito Leite. Cursou o ginásio e o cientifico (2º grau) no Liceu Maranhense.

Na infância gostava de construir carros e objetos de madeira, exercendo com criatividade a atividade de marceneiro. Contudo, aos 12 anos, foi acometido por uma pneumonia, ficando isolado no Gabinete de Estudo de seu pai, onde leu os clássicos da Literatura Universal, de romancistas famosos, livros de Filosofia e de diversas correntes de pensamento.

No período de 1968 a 1972 cursou Direito na Faculdade de Direito de São Luís e escreveu artigos para o Jornal Pequeno. O ano seguinte, foi de muitas conquistas profissionais e pessoais, pois foi professor da Faculdade acima referida, Diretor de Tv da Televisão Educativa do Estado do Maranhão e Professor do Curso de Direito da Universidade Federal do Maranhão -UFMA. Ainda nesse ano, casou-se com Lígia de Oliveira Costa (Lígia Costa Saraiva), na Igreja de São José de Ribamar, resultando no meu nascimento e no da minha irmã Letícia Maria Costa Saraiva.

Em 1974 foi Chefe de Gabinete da Procuradoria Geral do Estado do Maranhão e, no ano seguinte, foi Chefe de Gabinete do Prefeito de São Luís, perdurando até o ano de 1977, sempre lecionando no Curso de Direito da UFMA.

No ano de 1977 foi Coordenador da Coordenação Cultural da Televisão Educativa do Maranhão. Um ano após, começou o seu mestrado em Educação na Fundação Getúlio Vargas, que concluiu em 1983, quando defendeu, com louvor, a Dissertação "O Ensino e a Prática Social Concreta do Direito - O caso do Maranhão".

Na época em que cursava o mestrado, 31 de maio de 1979, foi acometido pelo seu primeiro infarto e a primeira cirurgia para a implantação de duas pontes de safena.

De 1983 até 1987, foi Coordenador do Curso de Direito da UFMA e professor da cadeira Direito Constitucional, ano também em que sofreu o segundo infarto e a segunda cirurgia para implantação de mais três pontes de safena e uma mamária (09 de setembro).

No ano de 1989 publicou palestra na PUC do Rio de Janeiro e verbete com o tema " Falência Sumária" no volume 38 da Enciclopédia Saraiva do Direito.

Continuou trabalhando como professor do Curso de Direito da UFMA, vindo a se licenciar (1990 a 1992) para tratamento médico por insuficiência cardíaca, aposentando-se por invalidez permanente como Coordenador do Curso de Direito da UFMA (14 de setembro de 1992).

Desse ano até 1997, dedicou-se a atividades artísticas, escrevendo contos e poesias, bem como produzindo telas que retratavam a arte abstrata.

Em 19 de julho de 2006 teve seu terceiro infarto, o que fez, em seu período de resguardo, iniciar sua atividades cibernéticas, com a criação de blogs e sites relacionados a arte, poesia e literatura.

No dia 24 de abril de 2009 veio a falecer, por falência múltipla dos órgãos, fruto de uma pneumonia e de insuficiência dos pulmões e coração.

A vida relatada acima, é de um homem que sempre avançava profissionalmente, trabalhador, sem que isso prejudicasse seu convívio com sua família.

Por fim, sem mais delongas, haja vista esse assunto ainda me causar desalento, desabafo que me arrependo de certas coisas que disse ou não disse, que não fiz ou que fiz com meu PAI, denotando que certos erros cometidos na vida não podem ser revistos como se fossem passiveis de recurso ou reforma.

Tudo isso exposto, caros leitores, deixo trecho de um dos vários textos que meu pai escreveu, objetivando uma reflexão sobre a vida, para que se dê valor ao cotidiano vivido.

Prazo de Validade

Por sermos, no físico, perecíveis
temos prazo de validade
Não importa a idade, esse tempo se esgota.
A perda não se conta pela data de produção,
na cronologia, como refeição, plástico e outros artefatos, de industrial fabricação.
A validade se coloca na tarja do saber viver: amar, aventurar-se, ser proponível, livre, feliz, ter da paz a sensatez
de saber rir de si mesmo
e, em tudo encontrar o sentido da piada.

Aproveitar momentos, cultivar bom humor
e correr, para longe, da boca torta do azedume, da briga inútil, imprópria, desgastante e desgastada, dos padrões enfadantes, de aceitar derrotas, de permitir ser engolido pelo cotidiano, de atuar com a responsabilidade-magia, de cumprir obrigações com caução, de amparar a segurança impiedosa e beócia, sacrificando o Prazer.

O prazo de validade é a vida vivida.
O resto... uma simples trovoada, sem relâmpagos!...
Sabe-se quando acabou, deixando o corpo somente sobreviver!


5 comentários:

  1. Lindo, muito lindo mesmo sua homenagem, estava esperando pra ver ela e eu sabia que ia ser sucesso... seu pai é um exemplo de vida! Fiquei emocionada até, com as belas palavras que usou!!

    Bjos!

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  2. Emocionante! Nós somos amigos a perder de tempo, e tive oportunidade de conhecer seu pai, tê-lo como amigo e admirá-lo. Mas aprendemos desde logo que amor de pai, amor de mãe.... Rafael, amor de filho consome, mas é gostoso, é estar ao lado nas coisas certas, e nas erradas, é abraçar esperando um beijo e beijar esperando um abraço, é ter que aprender com as conversas, e ainda mais no silêncio. Não precisa se arrepender no coração de seu pai ficou a marca que precisava, um filho competente, inteligente, carinhos. Um homem de caráter, singular, um grande amigo. Eu te vi ao lado do seu pai várias vezes, amor de Pai sempre nos olhos dele, amor de filho sempre nos teus olhos.
    O texto ficou excelente, quem mais entende dos pai é o filho. Aprendemos a admirar pessoas que nos possam fazer crescer enquanto cidadãos, é muito bom admirar nossos pais.
    Abraço forte. Amigos para partilhar as palavras e os momentos.

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  3. Lindo de vê. Meu coração ficou a mil.
    "Os verdadeiros laços de família, os da simpatia e da comunhão de pensamentos são os que nos unem, unem antes, durante e depois (...) felizes por estarem juntos, se procuram!"
    Rafa, importante é saber viver bem com o que nos cerca.
    Adorei os 2 textos.
    Um beijo enorme.

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  4. Estou emocionada...
    Não sou família, nem o conheci pessoalmente, mas falávamos todos os dias por uma sala de bate papo ou pelo msn.
    Um dia ele parou de falar, como descobrir o que aconteceu. Eu e uma amiga meio doidas fomos em busca do acontecido. Falamos com várias pessoas da sua cidade e encontramos o Rafael, seu filho. Descobrimos que perdemos um amigo, toda a sala de chat do terra, (médicos) chorou esse dia.
    Muitas vezes procurei algo que falasse sobre meu amigo, hoje estou feliz por poder escrever aqui.
    Obrigada Rafael, por poder ter mais um pouco dessa pessoa linda que foi seu pai.
    Deus o abençoe, seu pai deve estar muito feliz pelo que está fazendo.

    Grande abraço.

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  5. Rafael, por acaso encontrei o seu blog e fiquei sabendo agora do falecimento do Sr. Saraiva. Nos momentos que passamos juntos foram muito proveitosos inclusive inspiradores.Que Deus o tenha.

    Abraço...

    Adriano.

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